3.10.10

largo da estação do rossio

[Largo à noite, fotos D.R. (em cima) e de JMS (abaixo)]


À saída do Teatro D. Maria II, passava já da meia noite, falou-se em ir beber um copo e logo o Bairro Alto nos surgiu como praticamente a única alternativa digna desse nome por ali perto.
Sem vontade de mexer no carro, devidamente estacionado, optámos por ir a pé, através do largo da Estação do Rossio, e o que vimos foi o suficiente para não arredarmos mais pé. Ficámos por ali mesmo.
Não posso dizer que foi uma surpresa total, pois já havia passado antes e estava minimamente inteirado das obras de requalificação a que toda aquela área, esquecida e votada ao abandono durante anos, tinha sido sujeita nos últimos tempos; ainda assim, não esperava que o Largo estivesse tão bonito - com os vários edifícios à volta de cara lavada e a arquitectura neo-manuelina da estação valorizada pela iluminação - e tão animado - restaurantes com esplanada, a República da Cerveja e o Finzi Contini, e vários cafés, como o Rossio Caffe Lounge, com mesas, poufs e sofás ao ar livre.
Além dos bares, que funcionam até tarde (no sítio oficial avançam um horário das 10.00 às 23.00, mas na madrugada de sábado ainda estavam abertos às 02.00 da manhã), sendo por isso uma alternativa simpática (e mais calma) ao Bairro, o Largo é também um ponto de encontro diurno, que conta inclusive com uma boa galeria, e um espaço de concertos com uma agenda bem recheada.

Largo da Estação do Rossio, todos os dias, das 10.00 às 23.00

29.9.10

muji chiado


[Fachada da Muji, na rua do Carmo, foto de JMS]



Sem data de abertura confirmada, tudo indica, todavia, que deve abrir as suas portas em Novembro, a tempo de ainda capitalizar a pré-época de compras natalícias.
Quem, como eu, há muito se interrogava por que razão a japonesa Muji — célebre em todo o mundo por vender produtos de marca branca, mas funcionais, com um design atractivo e um preço acessível — tardava em abrir uma loja em Portugal, pode constatar, ao passar por estes dias pela rua do Carmo, ao Chiado, que a espera está prestes a ser compensada.
Com um área total de 300 m2, dividida por dois pisos, a loja de Lisboa, que nos chega pelas mãos de investidores espanhóis, está já avançada e os responsáveis prometem não só a vasta linha de acessórios voltados para o trabalho e lazer, mas também toda a gama de produtos criados mais recentemente para a casa (mobiliário, louças, têxteis...). Agora é só esperar para ver e crer.



Rua do Carmo, 63-75

17.9.10

as quintas do flores

[Menu Tapas Gourmet, em cima, e panorâmica do Flores, à noite, foto de JMS]


A convite do Bairro Alto Hotel, ao Chiado, fui conhecer o novo menu Tapas Gourmet, disponível desde Agosto, aos jantares, todas as quintas-feiras no seu restaurante Flores.
Friso que foi a convite por uma questão de transparência - que tratarei de manter como princípio deste blogue sempre que for o caso, o que não é possível muitas vezes noutros espaços -, mas isso não me impede de dar aqui uma opinião sincera e isenta.
Assumo sem rodeios que tenho uma simpatia especial por este hotel, aberto há cinco anos; pela sua localização, pelo charme, pela equipa motivada e, sobretudo, pelo que mudou na hotelaria da capital, sendo um dos primeiros, e mais dinâmicos, a tudo fazer para não cair na "mesmice" e atrair a si lisboetas ou não que, não estando hospedados no hotel, não se querem privar do seu bar ou do seu terraço (eleito, ainda há pouco, com um dos mais panorâmicos em todo o mundo), por exemplo.
Pequeno e intimista, o restaurante tem alinhado pela mesma postura. Passou por algumas mudanças, mas desde há um bom tempo que o chef Luís Rodrigues assume o seu comando e se empenha em, de tempos a tempos, introduzir novidades. É o caso deste conceito agora introduzido, pensado para os jantares das quintas-feiras. Composto por couvert (destaco a pasta de beringela e o pão com azeitonas) quatro entradas (gostei mais das lascas de presunto Pata Negra, com pão rústico tostado e piso de coentros, e das vieiras com molho de gengibre e alcachofras), um prato quente, três sobremesas (gostei mais do crème brulée de laranja) e café. O custo por pessoa é de €38,50 e não inclui bebidas (só o café). Não é um preço para todas as carteiras, nem um conceito para todos os gostos (as doses são minimais, prestando-se a quem aprecie o espírito da degustação), mas cumpre perfeitamente o proposto.

Bairro Alto Hotel, Pç. Luís de Camões, 2, tel. 213 408 252, todas as quintas-feiras, das 19.30 às 22.00, reserva aconselhada

14.9.10

quinoa

[Detalhe do balcão, foto de JMS, aspecto geral da sala, foto D.R., e close-up de alguns produtos à venda, foto D.R.)]


Abriu no último mês de 2009, mas há quem, como eu, só tenha começado a dar por ela, nos últimos tempos, quando se sobe ou desce a rua do Alecrim. E, no entanto, a Quinoa, frente ao quartel dos Bombeiros, não passa despercebida, pois a sua enorme porta encarnada - a que se juntou um layout atractivo a condizer - destaca-se na fachada do prédio centenário.
Projecto de duas irmãs, Filipa e Alexandra Borges, a casa tomou o lugar de um antiquário e, entre outras coisas, recuperou para seu uso e deleite de quem entra, uma escadaria, que dá acesso ao mezanino, do século XIII.
Como loja gourmet, confesso que não me convenceu (ainda). A meia dúzia de prateleiras e uns quantos expositores, apesar da boa apresentação e de exibirem marcas como a Fauchon, a Mariage Frères, a Kusmi ou a Choc-o-lait, não chega para impressionar e sabe a pouco. Como cafetaria ou salão de chá, elogio o bom gosto do espaço, dividido pelo rés-do-chão e pelo mezanino, mas não pude deixar de registar que tive de me contentar com a terceira escolha, pois não tinham nem pão de Deus nem croissants "normais", apesar de mencionados várias vezes na carta - tal como ouvi outra cliente, resignada, perguntar se não havia mais salgados para além de umas empadas (de doces pareceram-me mais prevenidos).
Seja como for, quem for lanchar tem, supostamente, à sua disposição vários tipos de chás (da já citada Kusmi), iogurtes, cafés, leite, achocolatados, torradas, scones e croissants. Do mesmo modo, servem, segundo apurei (mas não comprovei), refeições ligeiras (bem como brunchs aos fins-de-semana, entre os €9 e os €14) com propostas saudáveis de sanduíches incrementadas e saladas, e apostam em dois turnos de happy hour (das 12.00 às 15.00 e das 16.00 às 20.00), com destaque para cervejas (belgas, alemãs e irlandesas) e vinhos.
Como padaria, o verdadeiro cartão de visita da Quinoa, o caso é diferente - e lá está uma frase pitoresca "roubada" a Mia Couto, por cima do balcão, para o reforçar. Ai sim, e até a avaliar pelas pessoas que passaram unicamente para buscar pão enquanto ali estive, vê-se que a casa está a fazer uma reputação na zona. Com fabrico próprio e a garantia de que todos os seus pães, num total de 10 variedades, são 100% biológicos (ou seja, sem fermentos ou aditivos), a ideia é não só vender ao público, mas também usá-los na cafetaria.
No geral, achei os preços razoáveis - os pães, por exemplo, custam entre €0,30 e €4,50 a unidade. Por um cappuccino e um croissant de cereais com fiambre paguei €3,50.

Rua do Alecrim, 54, tel. 213 473 926, de seg. a qua., das 08.00 às 20.00, de qui. a sex., das 08.00 às 22.00, aos sáb., das 10.00 às 22.00, e aos dom., das 10.00 às 20.00

10.9.10

fábulas

[Exterior, na calçada (foto D.R.), e duas das salas interiores (fotos de JMS)]


Sexta-feira, ao final da tarde, no Chiado. Munido de vários suplementos de jornal e um livro de Bret Easton Ellis, sinto-me tentado a aterrar num dos lugares do costume - no caso, o Vertigo ou o Kaffehaus, de quem ainda hei-de falar convenientemente neste blogue; não agora -, mas resisto e vou antes matar a curiosidade várias vezes adiada.
O Fábulas abriu em finais de 2008 (se não me falham os cálculos), ainda assim, sempre que o menciono a amigos ou a conhecidos, a resposta varia entre os que não deram por ele - escondido que está, a meio da Calçada Nova de São Francisco, ao lado do Amo-te Chiado, entre as ruas Nova do Almada e Ivens -, e os que já lá foram e, por uma ou outra razão que não me souberam explicar, não ficaram totalmente convencidos.
Quem o vê de fora - e vim a descobrir a posteriori uma segunda entrada no pátio que dá directamente para a rua Garrett -, imagina um espaço acanhado e escuro. De acanhado tem pouco, pois o termo certo é mais labirinto, ou gruta, de salas e corredores, em número suficiente para abarcar o conceito de restaurante, cyber-café, galeria de arte e bar de vinhos; de escuro, e pesado, tem um pouco, sobretudo nas salas de arcos e tectos abobadados com as paredes pintadas de encarnado vivo a alternarem com outras descarnadas, tornando-se todavia mais claro à medida que se vira para o pátio interior.
Magicado por um casal luso-polaco, que se conheceu em Itália, nota-se que o Fábulas nasceu do improviso e que vai somando pontos com quem conta um conto. A decoração é prova disso, num estilo agora muito em voga, a que eu chamo "miscelânea", misturando móveis e peças (como velhas máquinas de costura Singer) catadas em feiras de velharias com outros de design mais clean. A ementa também tem sofrido, ao que sei, ajustes. O espaço começou por fechar ao domingo, o que se revelou uma má decisão para quem queria fazer do brunch uma das suas apostas. Questão resolvida. Fui ali para lanchar, mas uma olhadela rápida na carta deu para perceber que há refeições leves, tostas, crepes doces, gelados e outras sobremesas, saladas, cafés, chás, vinhos, aperitivos e cocktails.
Por um sumo de melancia e uma tosta de presunto com queijo Brie paguei €7,10 (verdade seja dita: a tosta dava à vontade para duas pessoas). Consegui ler (embora também haja revistas no local para o efeito) e estar à vontade num dos seus sofás XXL. Senti, quiçá, que lhe faltava "ambiente", mas talvez a hora não fosse, com o tempo bom lá fora, a mais acertada. Seja como for, voltarei um dia destes para um tira-teimas; de preferência quando fizer frio.

Calçada Nova de São Francisco, 14, tel. 216 018 472, de seg. a qua., das 10.00 às 00.00, de qui. a sáb., das 10.00 à 01.00, aos dom., das 10.00 às 20.00

8.9.10

fashion's night out

O evento já vai no segundo ano consecutivo, mas para Lisboa, no dia 9, entre as 19.00 e as 00.00, é uma estreia absoluta, juntando-se assim a mais de uma centena de cidades espalhadas por 15 países à volta do mundo.
A ideia é a de proporcionar, fora do horário comercial e em espírito de happy hour, acesso a cerca de 90 lojas de grandes marcas nacionais e internacionais que se associaram a esta edição no perímetro entre a Avenida da Liberdade, a Rua Castilho e o Chiado. Além de descontos, que os organizadores prometem ser significativos, haverá ainda, de hora a hora, sorteio de brindes para quem efectuar compras (caso da Fashion Clinic) ou oferta de produtos (a Tease, por exemplo, anunciou no Facebook mini cupcakes de graça para acompanhar os seus cocktails).
A Fashion's Night Out, uma iniciativa promovida pela revista de moda Vogue, vai reverter parte do seu lucro para a associação Ajuda de Berço e não vai limitar a animação à festa VIP de abertura (que será apenas para convidados); nas ruas indicadas, vários Dj's vão tocar os seus sets para embalar quem passa.

19.8.10

starbucks rossio

[Fachada do Starbucks Rossio e interior da loja, D.R.]


Quem duvidava do sucesso da cadeia norte-americana numa cidade como Lisboa, que se pode gabar quase de ter um café em cada esquina, deve estar agora a torcer o nariz - isso ou, como muitos, aderiu à moda de, para não dar o braço a torcer, engrossar a comunidade do Facebook onde se reúnem todos aqueles que se divertem a dar nomes falsos, quando não esdrúxulos, aos empregados.
Com a abertura no Rossio, em Junho, a Starbucks já soma seis unidades, mas esta tem um sabor particular por se encontrar instalada na ala direita, à entrada, da Estação do Rossio (o acesso faz-se pela rua ou pelo interior da gare). Quem ali pára são, sobretudo, os estrangeiros, mas gostaria de acreditar que a loja pode também funcionar como um novo pólo de atracção para muitos lisboetas que, nos últimos anos, passaram a evitar a zona.
Se a fachada neo-manuelina da estação confere um cachet particular a este Starbucks, o seu interior não difere muito do que já é a imagem de marca (paleta de castanhos, mesas individuais ou comunais, cadeiras e sofás, revistas para ler no local...), mas há uma novidade: esta é a primeira loja verde da cadeia em Portugal (e a quinta no mundo), o que equivale a dizer que ali os tapetes são feitos de pneus reciclados, as luzes de baixo consumo ou que se pratica uma política de contenção no gasto de água.
A gama de produtos à venda não se fica pela habitual lista de cafés, cappuccinos, frappuccionos ou moccas (a que os empregados tentam sempre acrescentar algum complemento como caramelo ou natas...), disponibilizando também de iogurtes, desde €1,50, até saladas, desde €4,50, sem esquecer sumos, bolos, muffins ou até alguns clássicos da pastelaria portuguesa como o incontornável pastel de nata. E se dúvidas houvesse de que é um Starbucks em Portugal, quem entra tem por costume ficar um pouco, ao invés de agarrar no seu café, devidamente acondicionado em embalagem de papel, e seguir caminho.

Estação do Rossio, Av. da Liberdade, 224, de seg. a sex., das 07.00 às 22.00, aos sáb. e dom., das 10.00 às 22.00

10.8.10

noitadas nos museus

A iniciativa, que não é de agora, está a decorrer desde Junho e vai prolongar-se até finais de Setembro. Este mês, a escolha recaiu nas quintas-feiras de 12 19 e 26.
Estive a espreitar a programação prevista para estes dias e, para meu espanto, encontrei contradições entre o que aparece no sítio oficial do Instituto dos Museus e o que tem sido divulgado na comunicação social (como é o caso da edição de 4 a 10 de Agosto da "Time Out Lisboa"). Seja como for, e isso é certo, não deixa de ser assinalável o facto de se poder visitar cerca de 20 museus e palácios de Lisboa excepcionalmente abertos fora de horas; que é como quem diz entre as 18.00 e as 23.00 (segundo a fonte oficial) ou 00.00 (a crer na Time Out).
Aqui encontra apenas as actividades previstas para estes dias relativas ao Museu Nacional de Arqueologia (12), ao Museu Nacional de Arte Contemporânea (19 e 26) e ao Museu Nacional de Arte Antiga (19), mas informação mais recente ressalta igualmente o Museu da Electricidade, o Museu Berardo, o Museu de Arte Popular, o Museu do Oriente, o Museu do Design e da Moda, o Museu do Fado ou os Paços do Concelho, na Praça do Município. Atenção que, nalguns casos, as visitas guiadas implicam marcação prévia. A entrada é livre.

9.8.10

combinados de verão da tease



aqui falei dos cupcakes da Tease, ao Bairro Alto. A criatividade continua em alta e na vitrina do balcão são cada vez mais numerosas as versões que tentam quem ali vai, mas as confortáveis poltronas forradas a veludo, imagem de marca da pequena casa, não combinam muito bem com temperaturas acima dos 30 graus...
Vai daí, a equipa da Tease, apoiada na experiência do Dave Palethorpe à frente do bar Cinco Lounge, teve uma ideia simpática: combinados, a partir de €5, de 1 cupcake à escolha + um café gelado, um chá verde ou um mazagran, que é como quem diz capilé.
Já experimentei o café gelado, servido em copo largo e alto, com muito gelo e uma dose generosa de chantilly (que eu teria dispensado, mas é uma questão de gosto), e saí, uma vez mais, agradado.

Rua do Norte, 31-33, de seg. a sáb, das 12.00 às 23.00

as melhores morangoskas de lisboa

[morangos, gelo picado e vodca preto, D.R.]

Não falha. De cada vez que levo um amigo a beber uma morangoska de vodca preto no Bairro Alto, a reacção é sempre a melhor e ficam fregueses. Se, de início, muitos torcem o nariz à cor escura da bebida e fazem um esgar de boca à laia de quem está prestes a ingerir tinta de choco, o certo é que, depois do primeiro gole, todas as dúvidas se dissipam.
A adesão a esta versão morena da bebida está a aumentar exponencialmente, tanto que há já quem tenha a ideia peregrina de criar uma receita na famigerada Bimby. Pois, eu mantenho-me fiel ao espírito original e, em Lisboa, os dois bares com as melhores morangoskas de vodca preto, servidas em copos XL (os famosos "baldes") que saem a €7 a unidade, ficam na rua da Barroca. Separados por alguns metros, mas em plena via láctea gay - que isso não sirva de desculpa a ninguém, pois quem frequenta o Bairro Alto sabe que a Barroca é suficientemente abrangente para acolher todos os que estão ali por bem e sem se importarem com rótulos -, o Kitsch Lab e o Fiéis aos Copos, ambos do grupo Fiéis (a saber: as dos Fiéis, por norma, são mais doces do que as do Kitsch), não têm mãos para tanto pedido.

Kitsch Lab, rua da Barroca, 15, de seg. a qui., das 21.00 às 02.00, sex. e sáb., das 21.00 às 03.00, aos dom., das 22.00 às 02.00
Fiéis aos Copos, rua da Barroca, 43, todos os dias, das 21.00 às 02.00

6.8.10

santini chiado

[Exterior e interior da Santini Chiado, fotos de JMS]


A Santini é um fenómeno. Os mais apressados dir-me-ão que não estou a dar novidade nenhuma e que é assim, em Cascais, desde 1949. Só que não estou a falar da casa-mãe (nem da que se seguiu em São João do Estoril), e sim da que abriu, o mês passado, no Chiado.
A pedido de muitas famílias, e não só, a Santini chegou, até que enfim, a Lisboa! E logo com filas diárias que ultrapassam a porta - e que obrigam a uma espera média de 10 minutos entre fazer o pré-pagamento e ser atendido ao balcão. A nova casa da famosa geladaria veio sacudir a concorrente Häagen-Dazs e está a criar uma rotina diferente na rua do Carmo, entre os que ali vão de propósito e os que passam, sobretudo estrangeiros, e ficam com a curiosidade aguçada por tamanho entra e sai.
Com duas salas, a geladaria está decorada a branco e encarnado, com vários posters alusivos à sua história e acomoda quem se quer demorar mais um pouco em banquetas ou - atenção ao apontamento design - mesas e cadeiras Tulip de Aero Saarinen. Em copo ou cone, os sabores são sobejamente conhecidos e quem é freguês sabe, regra geral, muito bem ao que vai.

A dica: um cone com duas bolas, talvez o pedido mais comum, sai por €2,50. Entretanto, acabo de ler na "Time Out Lisboa" que, para quem não gosta de perder tempo na fila, há um cartão (válido em todas as casas da cadeia) de dez unidades que pode ser comprado na caixa. Munido do seu, cada vez que ali for, é só passar directamente ao balcão, onde o tempo de espera é bem menor, e beneficiar da oferta de um gelado no final do cartão. Não sei se haverá muita gente interessada em empatar, de uma só assentada, €25 em gelados (isto no caso de optar pelo cone de duas bolas), mas não deixa de ser uma ideia feliz.

Rua do Carmo, 9, todos os dias, das 10.00 às 00.00

5.8.10

clube ferroviário

[O terraço do Clube Ferroviário, debruçado sobre o Tejo, D.R.]


Um amigo, já meio arrependido de ter escolhido o bairro do Beato para morar, ganhou há dias outro ânimo quando o levei a conhecer o terraço do Clube Ferroviário, um pouco depois da estação de Santa Apolónia, e percebeu que o novo ponto de encontro das tardes e noites está mesmo à mão de semear.
Claro que nem todos terão a sorte de ir e vir a pé, mas, ainda assim, em menos de dois meses desde a sua abertura, o Clube Ferroviário pode já considerar-se uma aposta vencedora capaz de, por si só, atrair àquelas bandas orientais de Lisboa uma clientela, entre os vinte e poucos e os trinta e muitos, engajada com as boas novidades. Ao facto, não será alheio ter Mikas, o conhecido proprietário do bar Bicaense que catapultou a Bica como capelinha noctívaga credível, entre os sócios da casa, pois este, além de rodado nestas lides, conta também já com um público fiel.
Seja como for, e juntamente com o publicitário Ricardo Sena Lopes, o fotógrafo Nuno Pinheiro de Melo e o realizador João Nuno Pinto, Mikas fez da antiga sociedade recreativa, debruçada sobre os carris, mas com vista desafogada para o Tejo, um lugar multi-usos onde cabem exposições, sessões de cinema, serviço de bar e restauração (assegurado pelo grupo responsável pela cadeia Magnólia, com destaque para os brunchs servidos aos fins-de-semana), performances e actuações de bandas e Dj's (que se dividem entre a sala TGV e o terraço, sobretudo de quinta a sábado). Ou seja, uma programação, a cargo de Sandro Benrós, sempre a mexer - e divulgada semanalmente através do Facebook -, de forma a que não falte um atractivo extra para levar as pessoas até lá.
O Clube Ferroviário não esconde que surge como complemento, ou mesmo alternativa, ao vizinho Lux, mas mesmo com toda a sua polivalência - que, confesso, ainda não explorei por inteiro -, arrisco-me a dizer que a sua grande vantagem comparativa está no fabuloso terraço. Ao final do dia, à noite ou de madrugada, o terraço, coberto por enormes redes, tapetes de relva sintética e uma profusão de cadeiras e mesas (onde se incluem as típicas poltronas das carruagens), é um chamariz a que ninguém, no seu perfeito juízo, resiste.

Rua de Santa Apolónia, 59, tel. 218 153 196, às qua., das 17.00 às 02.00, às qui. e sex., das 17.00 às 04.00, aos sáb., das 12.00 às 04.00, e aos dom., das 12.00 às 00.00

4.8.10

supercalifragilistic

[Ambiente de uma das salas do SuperCalifragilistic, com o bar ao fundo, D.R.]


No espaço de um mês, mais coisa menos coisa, já fui por duas vezes, em dias diferentes, com amigos diferentes, mas sempre ao jantar, pois o SuperCalifragilistic - a tal palavra mágica que Mary Poppins conseguia dizer sem entaramelar a língua, coisa de que, infelizmente, não me posso gabar... mas também desconfio não ser o único -, aberto de terça a sábado, não serve almoços.
Da primeira vez - que, em rigor, foi à segunda tentativa -, escolhi um sábado, o que me obrigou a reserva com um mínimo de dois dias de antecedência, já que este "tasco atípico", como desde logo se rotulou, caiu no goto dos que não gostam de se ficar pelo óbvio e confiam na propaganda eficaz do boca-a-boca - sem grande estardalhaço, o restaurante-bar tem marcado presença nas revistas da especialidade e aprendeu a usar o Facebook a seu favor.
Situado numa rua curvilínea de Alfama, um bairro que tenta desde há algum tempo, nem sempre com grande sucesso é certo, diversificar a sua oferta para lá das sardinhas assadas e das folias juninas, o SuperCalifragilistic dá-se ao luxo de não precisar de se anunciar com parangonas. Se não souber ao que vai, o mais certo é mesmo passar a porta sem sequer dar por ela. E, no entanto, aos fins-de-semana, as mesas, distribuídas por duas salas acanhadas - tenho ouvido falar numa esplanada, mas não a vi em funcionamento nas vezes em que ali estive -, não chegam para as encomendas.
Ao fundo, o balcão do bar, onde aviam cocktails em vez de copos de três, assanhado no seu padrão de tigresse, é a pièce de resistance da casa, mas, aos poucos, o tasco já afinou a sua decoração e disposição, com algumas trocas, mas mantendo-se sempre fiel ao espírito feira-da-ladra-meets-sala de jantar da avó. Não são os primeiros a apostar na receita, mas a sensação deste Verão explica-se mais pelo serviço/gestão informal da dupla Alexandra Sumares e Sofia Garrido e por uma cozinha despretensiosa e em conta que, sem se armar aos cucos, tem sabido renovar-se e surpreender - nalguns casos melhor, noutros nem por isso, mas sempre com boa vontade.
A ementa, de que também faz parte uma pequena carta de vinhos, é composta por um núcleo mais ou menos fixo de petiscos - como a sardinha explosiva, o vulcão de morcela, os bombons de farinheira, sem contar inúmeras variações montadas sobre pão ou ainda saladas -, dois ou três pratos do dia itinerantes e outras tantas sobremesas à escolha. No final, a conta raramente ultrapassa os €20 por pessoa. Nada mau.
O menos bom fica pela moda que agora pegou em certos meios de não disponibilizar pagamento por multibanco - como se o aluguer de €25 por mês fizesse assim tanta diferença no orçamento de quem se mete nesta empreitada - e pelo ambiente abafado que ali suportei numa das noites mais quentes de Julho, o que não serve de desculpa. Quem quiser ir à vontade, experimente os dias de semana, mas foi o que fiz da segunda vez e, sinceramente, acho que o tasco tem muito mais piada com a casa cheia. Uma questão de gosto, mas que pode fazer a diferença.

post scriptum: informei-me melhor e descobri que, para além do aluguer mensal, o uso do multibanco acarreta taxas para o estabelecimento por cada operação realizada.

Rua dos Remédios, 98, tm. 93 331 1969/91 250 6755, de ter. a sáb., das 18.00 às 02.00

11.6.10

orpheu caffé

[A sala contígua, com dois ambientes, fotos de JMS]


Abriu há coisa de uma semana e não podia ter escolhido melhor morada: praça do Príncipe Real, no lado esquerdo do jardim para quem vem da rua da Escola Politécnica.
A janela florida e a porta, emolduradas por uma bonita (e genuína, dizem-me) fachada de azulejos, não fazem grande alarde da sua presença, mas, com pouco tempo de vida, já há quem, como eu, vá ali de propósito movido pela curiosidade. O nome escolhido traz-nos à memória a saudosa revista do princípio do século XX dedicada à literatura, que, mesmo sem ter passado do segundo número, haveria de ser determinante para o movimento modernista encabeçado por figuras como Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro ou Almada Negreiros. E mesmo que não venham a acontecer tertúlias no Orpheu Caffé, o certo é que o espaço, pensado por Rui e Gabriela - que, contaram-me, largaram uma carreira nas finanças para cumprir o seu sonho-, tem tudo, à partida, para funcionar muito bem como um novo ponto de encontro e reunião numa das zonas mais aprazíveis de Lisboa.
A sala contígua, sobre o comprido, não é muito grande, mas, sem interferirem com o balcão, criaram um espaço de poltronas, mais cosy, junto à janela e, além de várias mesinhas retro com tampos de mármore (ideais para um tête-à-tête), duas mesas maiores, a lembrar as nossas casas de jantar, surgem como ilhas destinadas a grupos mais numerosos ou a quem não se importar de as partilhar - a banqueta em veludo verde capitonado, uma das pièce de resistance juntamente com duas bonitas consolas, também senta várias pessoas, mas nesse caso é suposto que cada um esteja virado para a sua mesa.
O papel de parede florido, combinado com a pintura lilás, funciona bem - só ali destoam os extintores berrantes, que sei serem um "mal" necessário, mas gostaria de tê-los visto melhor "disfarçados" -, assim como a ementa, pequena, mas simpática e suficientemente polivalente para durar um dia inteiro. Quem for só lanchar tem à disposição sumos naturais, refrescos, torradas, tostadas, sandes, além de outras coisas comuns em cafetarias (o café, por exemplo, vem acompanhado de um biscoito caseiro); quem for para uma refeição ou simplesmente petiscar, pode contar ainda com doses de torricado de peito de peru com puré de maçã em cama de espinafres, rebuçado de queijo cabra e mel ou patanisca de alheira, entre outras sugestões. O propósito é, do pequeno-almoço ao jantar, sem esquecer quem vem para um copo e dois dedos de conversa ao final da tarde e/ou antes de ir para a noite, encontrar ali uma solução.
Por enquanto fui só a meio da tarde - e paguei €5 por um lanche composto por um sumo de morango com hortelã e meia torrada com compota e manteiga, não me tendo escapado o pormenor do naperon a fazer as vezes de individual -, mas tenciono voltar, com mais tempo, para experimentar o brunch (€15), servido aos sábados, domingos e feriados, entre as 10.00 e as 15.30. O atendimento é simpático e amável; é possível que haja ainda detalhes e coisas a afinar, como aliás ouvi uma senhora a sugeri-lo, com alguma sobranceria à mistura, é certo, na mesa ao lado, mas apetece-me indicá-lo aos amigos e conhecidos.

Praça do Príncipe Real, 5-A, de seg. a qui., das 10.00 às 00.00, às sex., das 10.00 às 02.00, aos sáb. das 09.00 às 02.00, aos dom., das 09.00 às 20.00

9.6.10

happy estefânia (encerrou)


[Fachada da Happy Estefânia, foto de JMS]




Os toldos negros com a palavra happy estampada a branco não passam despercebidos; sobretudo a quem, como eu, se tinha resignado a ver naquela esquina da Avenida Duque d'Ávila com a rua de dona Estefânia, ao Saldanha, uma farmácia fora de serviço.
Com um conceito interessante de florista low cost, a cadeia Happy, que até à data da abertura desta primeira loja na capital tinha quase sempre privilegiado os centros comerciais, pretende ser uma resposta, acessível mas igualmente tentadora, às floristas "de autor".
A ideia vem de França, onde o grupo Monceau Fleurs possui mais de 50 lojas e tem ganho vários prémios pela forma como deu um novo fôlego ao estafado mercado de flores, e passa por apresentar, diariamente, variedade e qualidade a preços acessíveis, entre os €0,20 e os €3 - sendo política da casa ter uma flor do dia.
A imagem apelativa, reforçada pela forma cuidada como as flores são expostas, funciona muito bem, pois, por experiência própria, posso dizer que quem passa, mesmo que não vá a pensar no assunto, sente-se tentado a entrar e a levar algo por impulso. A oferta vai dos nano bouquets a criações inéditas como as rosas Gargantua ou Negra, sem esquecer os vasos de plantas da praxe ou os práticos Pop&Bag, arranjos florais que trazem um dispositivo com água a servir de jarra e um saco para serem mais facilmente transportados. Fiquei freguês.

Avenida Duque d'Ávila, 27

20.5.10

madame soirées @ miradouro de são pedro de alcântara


Nem sempre tem sido muito bem tratado pela autarquia, ou estimado por quem o frequenta, mas, ainda assim, oferece, na minha opinião, uma das vistas mais bonitas (e abrangentes) da cidade. Para quem não adivinhou pela foto ou se distraiu com o título, estou a referir-me ao Miradouro de São Pedro de Alcântara, junto ao Bairro Alto e sobranceiro à Avenida da Liberdade, na rua homónima.
Graças à iniciativa Madame Soirées, o miradouro, nada recomendável logo que o Sol se põe, ganhou uma animação especial às sexta-feiras, entre as 18.00 e as 21.00, com a actuação de Dj's nacionais. Apesar de pouco publicitada - ou assim me pareceu -, a adesão tem sido muito boa desde Abril, pelo que, hoje, a cena repete-se com warm up a cargo de Sebastião Delerue - apontado como um jovem promissor que se tem destacado na cena underground lisboeta pela sua performance técnica e sets eclécticos -, seguindo-se, depois das 19.00, Nuno Ramos. Na próxima sexta, dia 28 de Maio, está já agendada a presença de Bart Cruz (Da Providers).

Rua São Pedro de Alcântara, das 18.00 às 21.00

18.5.10

chiado after work

Apanhei esta iniciativa a mais de meio; ainda assim, e porque nem tudo se perdeu, acho válido dedicar umas quantas linhas a esta edição do "Chiado After Work", promovida pela A(ssociação)V(alorização) Chiado. Nos últimos anos, vários estabelecimentos, empresas e até entidades culturais do bairro têm unido esforços para conseguir uma maior fidelização dos que já não passam sem o Chiado e, ao mesmo tempo, atrair os que ainda não se convenceram totalmente. A ideia é que, depois de saírem do trabalho, ao invés de irem para casa, as pessoas tenham motivos de peso para ficar por ali.
Até 30 de Maio, eventos como workshops, ciclos de cinema, exposições, conferências e espectáculos estão a decorrer em locais tão variados como o Espaço Ângora (antiga Pastelaria Marques, na rua Garrett, nº72), os teatros São Carlos, Trindade e São Luís, além de museus, galerias de arte, lojas e até restaurantes.
Por uma questão de coerência com o propósito deste blogue, optei por destacar alguns dos restaurantes e cafés que estão a participar com a oferta de descontos, a promoção de happy hours ou a realização de festas:
* Spot (Teatro São Luís, rua António Maria Cardoso): entre as 18.00 e as 21.00, na compra de uma bebida oferecem outra igual e dão um desconto de 15% nas refeições de domingo a quinta. O chef Fausto Airoldi criou ainda um menu para a ocasião com 4 mini degustações, salgadas e doces, que variam de dia para dia, com um preço fixo de €9.
* Storik (Rua do Alecrim): descontos de 15 a 25% em provas de vinhos, lanches ou tapas com cocktails, que, consoante os dias, são acompanhados por concertos de jazz e actuação de Dj's.
* Xocoa (Rua do Crucifixo): todas as sextas, até dia 30, dj set ou mini show case, entre as 18.00 e as 20.00; degustação diária de vários produtos e prova de vinhos com chocolate.
* Café-Bar BA (Bairro Alto Hotel, Largo Camões): por cada copo de vinho (€8 a unid.), consumido entre as 18.00 e as 21.00, o bar do hotel oferece as tapas.

Mais informações pelo tel. 213 421 824 e/ou e-mail: avchiado@gmail.com

17.5.10

taberna ideal

[Taberna Ideal, fotos de JMS (acima) e Andreia Tavares (abaixo)]


Quando, do nada, um novo restaurante cai no goto ao ponto de estar sempre a abarrotar, os mais renitentes podem evocar a sorte de principiante ou até achar que é mais só uma moda-que-dá-forte-mas-passa-rápido. Só que, quando ao fim de um ano e meio, esse mesmo restaurante não só continua de portas abertas, como se desdobrou e não chega para as encomendas, então é porque algo de bom, e digno de nota, se passa ali.
Se me perguntarem o que tem de tão especial a Taberna Ideal, em Santos, para justificar tamanho sucesso, a primeira coisa que me ocorre como explicação é, precisamente, o facto de ter feito da simplicidade e das coisas simples um trunfo.
Numa época em que a "cozinha de autor" e o "design" se tornaram desculpas para vender, não tão raras vezes como isso, gato por lebre, a Taberna Ideal é, sem complexos, a versão moderna da tasca que não alinha em minimalismos nem em doses minimais.
Para os que ainda associam à palavra "tasca" uma conotação pejorativa, apresso-me a esmiuçar o conceito, não vá alguém ficar com a ideia errada - de taberna tem só o nome, esqueçam o cheiro a vinho azedo e o ar seboso de quem não viu água . Até porque, como disse e repito, ser simples não é sinónimo de ser simplório ou básico. A Taberna Ideal tem o mérito de não ter complicado demasiado as coisas, mas isso não é algo que se consiga de pé para a mão; além de que exige talento e tino.
Durante quase toda a semana, servem apenas jantares, que nas noites de sexta e sábado se desenrolam em dois turnos - o primeiro vai das 19.00 às 22.30 e o outro das 22.30 em diante - para tentar acomodar o máximo de fregueses antigos e novos que, à última da hora, entopem o gravador de mensagens com pedidos de reserva (e escusado será dizer, no bom estilo quem-avisa-amigo-é, que a reserva, além de recomendada, deve ser feita com a devida antecedência se não quiser ter um desgosto) .
Explicado o modus operandi, acrescento, para quem ainda não foi, que a casa ocupa dois números da rua da Esperança - o 112 e 114, sendo que, duas portas abaixo, no 100/102, nasceu a Pestiqueira Ideal, onde as mesas são atribuídas por ordem de chegada, sem reserva prévia, e o cardápio se faz de petiscos vários - e que o seu charme "retro-luso", e o termo não é meu, está na mistura, por vezes inusitada, e não na intenção de ter tudo a condizer. Aliás, muito pouca coisa ali faz pandan, nem os pratos - que manda a tradição da casa ficarem empilhados sobre a mesa, cabendo a quem se senta distribui-los depois -, muito menos as cadeiras e mesas, com cara de quem veio da feira da ladra ou dos tarecos da avó.
Mas claro que isso faz parte da ilusão. Como faz parte também nem sempre conseguir ler a ementa do dia escrita a giz na ardósia pendurada ao alto, pelo que alguém da casa não se fará rogado a repetir, só para quem ainda não é habitué, que nas entradas há ovos com alheira de caça, tibornas com tomate, queijo ou alho e azeite, além de cogumelos gratinados ou picos (rojões) com maçã. É comum haver um prato do dia, mais acessível, sendo que o empadão de codorniz com tâmaras e alheira se tornou uma espécie de cartão de visita.
Não é, nem pretende ser, acho, uma cozinha de excepção, mas é honesta, saborosa, cai (e dispõe) bem, tem um preço justo (média de €20 a €25 por pessoa) e consegue ser portuguesa sem ser excessivamente regional. Tem ainda a vantagem de servir mais de 20 tipos de vinho a copo, o que é menos comum do que se imagina, todos nacionais até onde apurei, e a carolice de, por exemplo, servir "caipironha", uma versão com aguardente de medronho. Tânia, uma das donas, já é conhecida por fazer as honras da casa, sem mesuras ou rapapés, e o mesmo se passa com o restante pessoal que serve às mesas e não se acanha nada em tratar os clientes, conhecidos ou não, por tu. É o modus vivendi da Taberna e só estranha quem for ali ao engano. Isso e o facto de não haver multibanco.

Rua da Esperança, 112-114, tel. 213 962 744, de seg. a sáb., das 19.00 às 02.00, aos dom., das 13.30 às 02.00

13.5.10

open day @ lx factory


Ainda há, em Lisboa, quem não tenha dado pela conversão da Antiga Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense, fundada no século XIX em Alcântara, numa espécie de "ilha criativa", a Lx Factory, onde assentaram arraiais empresas ligadas às artes, à moda, à publicidade, à comunicação, à música e à produção de eventos, entre outras coisas mais. No dia a dia, a livraria Ler Devagar, a Cantina Lx ou o Café na Fábrica são, até ver, os poucos, mas bons, pontos de interesse que justificam a romaria àquelas paragens.
No entanto, nada que se compare à animação garantida sempre que há um Open Day. A quarta edição vai ter lugar amanhã, dia 14 de Maio, com um não mais acabar de propostas que cobrem campos tão diversos como exposições, workshops, desfiles, concertos, instalações, ateliers ou várias festas com Dj's convidados. A entrada é livre e a programação, cujo download pode ser feito aqui, começa às 10 da manhã de sexta e só termina, nalguns casos, às 4 da manhã de sábado.
[Aviso de navegação: deixe o carro em casa e vá de táxi. Ainda assim, há um parque no espaço contíguo às instalações da Lx Factory. O preço até às 18.00 é de €1/viatura, após as 18.00 é de €2/viatura. A partir das 02.00, o acesso para entradas e saídas das viaturas na Rodrigues Faria será interrompido].

Rua Rodrigues Faria, 103, tel. 213 143 399, das 10.00 às 04.00

12.5.10

tease rock n'roll bakery

[interior da Tease Bakery, D.R.]


«Provem-me que os vossos cupcakes são os melhores de Lisboa. Quero sair daqui convencido.» A avaliar pela caixa que levou para casa, depois de ter saboreado uma versão de cenoura com noz na loja, este novo freguês saiu rendido à Tease, ao Bairro Alto.
Na rua do Norte, perto da Diesel e quase frente à Sneakers Delight, a Tease só abriu portas em finais de Abril, mas as suas "provocações", sob a forma de tentadores cupcakes e também de bolos vintage, muffins, scones ou até sanduíches, andam, literalmente, nas bocas do mundo. Estou a exagerar, como é óbvio, mas o certo é que está a despertar a curiosidade geral e a aguçar o apetite, não sendo já poucos os que ali vão de propósito para espreitar.
A moda dos cupcakes, que são mais do que simples queques com coberturas fantasiosas ao contrário do que querem fazer crer as más-línguas, é relativamente recente em Portugal. Há quem diga que a ideia para o negócio nasceu a partir da série "O Sexo e A Cidade", mas não faltam outras referências igualmente sugestivas, como foi o caso do filme "Maria Antonieta", de Sofia Coppola, que recorreu à parisiense Ladurée para o efeito. Em Lisboa, a Tease não é a única, mas é uma das mais promissoras, até porque tem uma dinâmica engraçada e faz gala em lançar regularmente novos temas - por exemplo, no próximo sábado, dia 15, vão dar a conhecer os cupcakes Red Velvet em homenagem ao grupo Velvet Underground, e nem a vinda do Papa lhes escapou, a quem dedicaram o Cheers Pope, numa versão de lima e queijo mascarpone.
Mais do que apenas balcão para exibir e vender as suas criações, a Tease é um salão de chá, onde se bebe igualmente bons sumos naturais, cocktails to impress, vinho ou até um simples café. Para o efeito, existem sofás e poltronas, sempre de veludo colorido, mesinhas baixas, açucareiros em louça, ficando o rock n'roll por conta da bola dourada giratória no tecto ou da selecção musical - no dia em que ali estive, só deu Beatles na vitrola.
À partida, diria que o conceito é susceptível de atrair uma clientela maioritariamente feminina, mas, felizmente, é uma tendência que a qualquer momento pode, e deve, ser equilibrada. Não é um lugar barato - os cupcakes em versão mini custam €1, os "regulares" saem por €2,40 a unidade (e difícil é conseguir comer só um!) -, mas o seu target está claramente direccionado para um nicho de mercado. Não é, nem pretende ser, mais uma pastelaria com doces e salgados por atacado.
Uma opção interessante para o lanche, que deixei para outra ocasião, é a do High Tea(se), pensado para duas pessoas em duas modalidades (€12,50, com chá verde de canela, e €14,50, com chá de flores do deserto), que incluem cupcakes, bolos e sanduíches. Uma nota final para dizer que entre os sócios da Tease está Dave Palethorpe, que muitos conhecem do bar Cinco Lounge no Príncipe Real, e Antony Millard, do cabeleireiro Facto BA.

Rua do Norte, 31-33, de seg. a sáb., das 12.00 às 23.00

leya na buchholz

[em cima: Livraria Buchholz, antes e agora; abaixo: fachada na Duque de Palmela]


Aproveitei um final de tarde de calmaria para dar um pulo à LeYa na Buchholz, inaugurada a 8 de Abril. É um regresso a casa, já que após um período de incerteza - em que sobrou apenas um pólo no Chiado, no largo Rafael Bordalo Pinheiro, entretanto encerrado, com a transferência dos serviços para a Sá da Costa, na rua Garrett, nº100/102 -, a livraria reabre no endereço da Duque de Palmela, ao Marquês de Pombal, quase na esquina com a Alexandre Herculano.
Para quem gosta de livros, mas também de livrarias com peso e história, é motivo de regozijo. Por um triz, a velha Buchholz, fundada pelo alemão Karl Buchholz em 1943, escapou a um fim anunciado graças à parceria entre a LeYa, de que faz parte a Oficina do Livro por exemplo, e a Coimbra Editora Livrarias.
Na adaptação aos novos tempos, perdeu-se parte da solenidade - a antiga Buchholz tinha outra imponência -, mas ganhou maior funcionalidade, com as várias secções bem sinalizadas, um acervo virado para as necessidades (e vontades) do mercado actual e está, porventura, mais confortável, pois existem diversos sofás em pele para que nos possamos sentar e demorar.
Ao todo são três pisos - na prática, só dois estão em permanência abertos ao público -, onde houve o cuidado de manter as estantes de madeira e várias peças, como os bancos e escadotes que servem para alcançar os livros no topo, como recordação. Há um piano de cauda e toda uma estrutura montada para receber, com regularidade, lançamentos de livros, conversas entre escritores e outras actividades que façam sentido na sua agenda cultural.
Não sendo a Duque de Palmela uma rua de grande passagem, apesar de paralela à Avenida da Liberdade, a nova Buchholz vai ter de criar uma dinâmica própria se quiser sobreviver à concorrência de grandes superfícies como a Fnac. Porque nem eu nem outros lisboetas vamos continuar a ir ali só porque faz parte da nossa memória afectiva. É preciso mais. Para já, arrisco a sugerir que lhe falta, quiçá, um pequeno café charmoso, adequado ao espaço e à função, capaz de funcionar como um atractivo extra. Os puristas podem até torcer o nariz, evocando que uma livraria não deve precisar desse tipo de "artifícios" para atrair interessados, mas em muitos países, como o Brasil, é prática corrente e não vem daí mal ao mundo. Muito pelo contrário, são, na maioria das vezes, uma mais-valia.

Rua Duque de Palmela, 4, de seg. a sáb. das 10.00 às 20.00

10.5.10

café malaca

[fotografia acima, de Andreia Tavares; fotografia abaixo, de Ana Paula Carvalho, in "Máxima Interiores", D.R.]


Há umas semanas, uma amiga quis surpreender-me, ao não revelar o nome nem a localização do restaurante escolhido para o jantar dessa noite, e acabou também ela à procura do espaço em questão, sem grandes certezas. Especializado em cozinha inspirada nas viagens dos navegadores portugueses ao Oriente, o Café Malaca funciona no que já foi o bar do Clube Naval de Lisboa, ao Cais do Gás, um pouco antes dos Meninos do Rio para quem vem do Cais do Sodré. A indicação, apesar de certa, não é óbvia para quem chega desavisado, pois é preciso entrar no armazém H, que faz as vezes de sede do clube, e descobrir junto à entrada, à esquerda, umas escadas que dão acesso ao restaurante, no 1º andar.
Virada para o rio, embora a vista seja apenas parcial, a sala é suficientemente ampla para abrigar o restaurante e o bazar, onde os objectos à venda alinham pela mesma temática da cozinha, mas acaba por não sobrar muito espaço livre tal é a profusão de objectos desirmanados e de procedências diversas.
Como chegámos cedo, e o restaurante estava ainda vazio, só depois, já com as velas acesas e a entrada de crepes Primavera à frente, percebemos a nececessidade de reservar mesa com antecedência, pois o café encheu por completo naquela noite de sábado.
Não há uma ementa, ou melhor, há, mas é descrita pelos empregados na altura do pedido, e pode ser consultada numa ardósia. Optei pelo Caril Verde, comi uma sobremesa e partilhei com a minha amiga um jarro de vinho da casa (havia duas opções). No final, coube cerca de €20 a cada um.
Mais tarde, vim a saber que o Café Malaca é o projecto conjunto do português Miguel Pinho, que se ocupa da cozinha, e da malaia Yoon Chin, que recuperou parte do mobiliário. Além de servir almoços e jantares, o Malaca providencia serviço de take away e piqueniques no cais. Achei o espaço simpático, informal como pretendem os donos. A comida, sem ser extraordinária ou verdadeiramente original, é agradável ao palato e terá a vantagem de permitir uma incursão segura para quem ainda não se aventura muito em matéria de "cozinha exótica".

Cais do Gás, Armazém H, 1º andar, Cais do Sodré, tel. 213 477 082, encerra seg. ao almoço
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...